sábado, 28 de agosto de 2010

Encontro Internacional de Saxofonistas

Copiei e colei. Estive no primeiro encontro, só posso recomendar!
Até a semana que vem

Marcio Schuster


Encontro Internacional de Saxofonistas inscreve até dia 20 de setembro



Diversidade musical é a marca registrada do evento, que acontece de 22 a 25 de setembro

Estão abertas até o dia 20 de setembro as inscrições ao 4º Encontro Internacional de Saxofonistas do Conservatório de Tatuí, evento realizado pelo Governo de São Paulo. Com a presença de artistas de cinco países, a série de atividades acontece de 22 a 25 de setembro.

Criado em 2004, o Encontro Internacional de Saxofonistas integra a série de encontros programados pelo Conservatório de Tatuí para o aperfeiçoamento e capacitação em instrumentos específicos. Nele, centenas de saxofonistas entre profissionais, estudantes e amadores, provenientes do Brasil e exterior, se inscrevem e têm a oportunidade de, durante três dias e quatro noites, vivenciar amplamente, diversos contextos pedagógicos e artísticos, além de estilos e abordagens musicais variadas por meio de shows, recitais, concertos, workshops, mostras, exposições, entre outros, motivados sempre pela presença de renomados saxofonistas do cenário nacional e internacional.

Neste ano, o Encontro Internacional de Saxofonistas volta a ser marcado pela diversidade musical. “O diferencial do evento é, realmente, a diversidade. Ele atrai representantes da música erudita, popular e contemporânea”, destacou Marcos Pedroso, um dos coordenadores. “Outro ponto forte neste ano é a presença da música latinoamericana, com representantes da Costa Rica, Chile e Argentina”, acrescentou o também coordenador Erik Heimann Pais.

A programação do evento já está confirmada e inclui os saxofonistas Arno Bornkamp (Holanda), Miguel Villafruela (Chile), Marcelo Coelho, Mauro Senine, Ademir Junior e Pedro Bittencourt (Brasil), além do quinteto Sonsax (Costa Rica) e 4Mil (Argentina). Fazem participações especiais a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, o Saxofonia – Quarteto de Saxofones, a Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí e a Big Band do Conservatório de Tatuí.

Entre as atividades pedagógicas, uma das novidades é a participação ativa de quartetos de saxofones e saxofonistas nos masterclasses do saxofonista Arno Bornkamp (04 vagas) e do quinteto SONSAX (Costa Rica – 02 vagas). Outra novidade é a incorporação de três palestras específicas – “Panoramana do Saxofone no Brasil", por Erik Heimann Pais; "Saxofone e Eletrônica", por Pedro Bittencourt; "A Música de Jacob Ter Veldhuis", por Arno Bornkamp.

Inscrições


O período de inscrições encerra-se dia 20 de setembro e custa R$ 10, dando ao inscrito livre acesso a todas as atividades realizadas no evento, inclusive aos concertos e recitais. Será concedido alojamento as 40 primeiros inscritos que solicitarem estadia. Saxofonistas que desejarem atuar como executantes nos masterclasses devem ficar atentos: para eles, o período de inscrições termina dia 13 de setembro.


Podem se inscrever saxofonistas estudantes, profissionais e amadores, bem como todos os demais interessados, de todo o território nacional e internacional, independente de idade ou conhecimento técnico-musical. Para aqueles que não irão atuar como executantes, em masterclasses, mostras ou concertos, não será necessário trazer instrumento próprio ao evento. A inscrição poderá ser feita pela internet (www.conservatoriodetatui.org.br/esax), pelo correio ou pessoalmente no Centro de Produção do Conservatório de Tatuí. Somente nos primeiros dias de inscrições, saxofonistas de três Estados brasileiros e de três países haviam confirmado presença no evento.


Todos os detalhes podem ser obtidos no site do evento no www.conservatoriodetatui.org.br/esax

Programação completa


Quarta-feira - 22.setembro


20h00 - Mostra de Grupos de Saxofone


20h30 - Concerto de Abertura Banda Sinfônica do Estado de São Paulo; Marcos Sadao Shirakawa, regente; solistas: Arno Bornkamp e Saxofonia Quarteto de Saxofones


Quinta-feira - 23.setembro


09h00 - Workshop "Repertório Sul Americano para Saxofone" por Miguel Villafruela


11h00 - Recital de Saxofone e Piano - Miguel Villafruela, sax; pianista a definir


14h00 - Workshop "O Saxofone na Música Popular Brasileira" por Zé Canuto


17h00 - Palestra "Panoramana do Saxofone no Brasil" por Erik Heimann Pais


20h00 - Mostra de Grupos de Saxofone


20h30 - Quinteto SONSAX



Sexta-feira - 24.setembro


09h00 - Workshop de Quarteto de Saxofone - "Saxofone na Música Centroamericana" por Quarteto SONSAX


11h00 - Recital Quarteto 4Mil


14h00 - Workshop "Improvisação na MPB" por Mauro Senise. Pocket Show Mauro Senise, sax; Adriano Contó, piano; Rodrigo Marinonio, bateria; Sérgio Frigério, baixo


17h00 - Palestra "Saxofone e Eletrônica" por Pedro Bittencourt


20h00 - Mostra de Grupos de Saxofone


20h30 - Big Band do Conservatório de Tatuí. Celso Veagnoli, coordenação; Solistas: Ademir Jr. e Marcelo Coelho


Sábado - 25.setembro


09h00 - Workshop "Improvisação e Poliritmia" por Marcelo Coelho


11h00 - Workshop "Interpretação da Música Argentina" por Emiliano Barri


14h00 - Masterclass sobre Técnica e Interpretação por Arno Bornkamp


17h00 - Palestra "A Música de Jacob Ter Veldhuis" por Arno Bornkamp


20h00 - Mostra de Grupos de Saxofone


20h30 - Concerto de Encerramento. Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí. Roberto Tibiriçá, regente; Solistas: Miguel Villafruela e Quarteto 4Mil


SERVIÇO


4º Encontro Internacional de Saxofonistas


Erik Heimann Pais e Marcos Pedroso, coordenação


De 22 a 25 de Setembro – Conservatório de Tatuí


Inscrições até 20 de setembro – R$ 10,00


www.conservatoriodetatui.org.br/esax


Informações: 15 3205-8444

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Notas Graves

Uma vez havendo decidido ficar por aqui, e não digo com isso que esse seja o meu caso, é preciso tomar algumas medidas de sobrevivência. O inverno na Alemanha é muito longo e a luminosidade é reduzida a poucas horas diárias, normalmente entre as 16h e 17h está escuro. Em dias nublados com chuva ou mesmo neve, não resta muito pra fazer a não ser trabalhar e ou estudar.



No começo eu não entendia como era possível alguém em pleno calor do verão, que em dias mais quentes pode chegar a um pouco mais de 30 graus, almoçar com o sol queimando a cabeça. Hoje, qualquer raio de sol é motivo pra largar toda e qualquer atividade e sair correndo pra fora e sem nenhum peso na consciência aproveitar o momento sublime. Então, assim sendo, decreto que o verão (imprescindivelmente entre Julho e agosto, porém com possibilidade de dias frios) é tempo de não fazer nada a não ser aproveitar o calor do astro maior. Realmente férias, com direito a queimaduras solares, banhos diários no rio Isar e abdicar de qualquer atividade (ou pelo menos a maioria delas) que seja feita entre quatro paredes.


Notas Graves - Parte I


As famosas notas graves no saxofone. Esse é um tema sem fim e motivo de grande discussão e as vezes até filosofia. Existe solução de todos os tipos e para todos os gostos para esse então “problema”. Eu também tenho a minha, aliás até três. Não sei se as minhas soluções são as melhores, mas para mim funcionam e por isso me atrevo a escrever algumas considerações sobre o tema. Vou explicar aqui em três textos diferentes cada uma das “soluções”. Espero que você, além de gostar, entenda e melhore sua técnica com isso.


A primeira “solução”, que poderia também ser a última, é a mais importante de todas. Estude! e faça isso de todas as maneiras. Explore e pesquise todas as possibilidades, descubra em todos os sentidos o instrumento que você tem pendurado no pescoço. Não esqueça que em comparação com outros instrumentos o saxofone é uma criança de um pouco mais de 100 anos. Ainda falta muita pesquisa em melhorias técnicas na própria construção do instrumento, e na minha opinião, pouco interesse dos fabricantes. Os culpados somos nós que estamos acostumados a achar as coisas estão suficientemente boas como elas estão. Há uns dias olhei pro meu saxofone e descobri que se eu mudasse algumas pequenas coisas ele poderia funcionar melhor para mim. Então com algumas pequenas mudanças acabei resolvendo o problema. Nós estamos acostumados a nos adaptar e jamais imaginar que um “Selmer” possa ser imperfeito. Porém eu digo, a realidade é outra.


O que quero dizer com tudo isso? Eu acredito até agora você não pode melhorar sua técnica de emissão de notas graves, por esse primeiro texto, mas o que quero dizer é que o limite do seu interesse em estudar e se aperfeiçoar, em qualquer sentido, depende de você. O seu interesse em pesquisar e não acreditar em tudo que se fala por aí. As informações prontas são as mais perigosas. Não esqueça de duas coisas: Não existem verdades absolutas e as maiores descobertas foram feitas contrariando as regras que já existiam. Estude, explore, pesquise. Abra a sua cabeça para possibilidades que vão além das que você tem como regra.


Lido e entendido e deixando com isso também claro que tudo o que aqui consta não é nada mais além do que o conhecimento que adquiri ao longo (nem tão longo assim) da minha vida musical, deixo essa primeira lição (de notas graves?). Na semana que vem escrevo mais uma parte com explicações realmente práticas.


Coloquei alguns vídeos no youtube dos meus últimos concertos aqui em Munique. Os links estão ali em baixo. Agradeço a visita


Abraços e até a próxima


Marcio Schuster

Nikolai Brücher - Mythen

domingo, 4 de abril de 2010

Certo ou errado?

Essa foto eu tinha prometido em um texto anterior. Esse é o castelo Nymphenburg, quase do lado de onde eu moro. Ainda tinha neve. Qualquer dia coloco outra do mesmo lugar, mas sem neve.
As pessoas as vezes me perguntam: mas por quê você toca música erudita com saxofone? Eu na verdade nunca filosofei sobre uma resposta. Mas hoje vou tentar responder a essa pergunta pelo caminho mais simples, sem muitos argumentos históricos e ou científicos. Eu penso que a música é uma só, cada estilo acaba nos direcionando para outros “lugares”, como diferentes públicos, ambientes, cidades, oportunidades, carreiras, sonhos e tudo mais. Encontrei na chamada “música erudita” um caminho que me pareceu interessante e quem sabe simplesmente resolvi investir na direção. Muito porém um músico precisa ser versátil. Nos anos que morei em Curitiba, toque muitos anos na “Orquestra a base de sopro do conservatório de Música Popular Brasileira”, foi uma grande escola pra mim. Mesmo em outros projetos como a "Soulution Orchestra", ou em outras big bands todas essas experiências somaram enormemente para um resultado, que resolvi direcionar num sentido, que é a música erudita. Quero dizer com isso que não penso que o jazz ou a música popular brasileira seja mais fácil ou pior, são somente coisas diferentes. Mas penso que decidir-se por um caminho também facilita no reconhecimento do e um artista.

Na verdade quando resolvi estudar na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, não tinha muita idéia do que se poderia fazer com um saxofone tocando esse tipo de música. A idéia até me irritava, não conseguia me imaginar tocando por exemplo Mozart com saxofone. Mais tarde descobri que existe muitas obras originalmente escritas para saxofone e comecei a gostar desse mundo. Hoje posso dizer que praticamente só faço isso. O problema disso tudo para nós saxofonistas é que se acredita que para tocar jazz é preciso ter um som “aberto”, uma boquilha de metal, “subtonar” nos graves e muito mais. Sobre isso ainda quero escrever mais e esclarecer o meu ponto de vista em um outro texto.

Independente de qual caminho se queira seguir é preciso saber onde se quer chegar, mas antes mesmo disso é preciso ter um bom professor. Tendo a técnica correta é possível tocar qualquer estilo, aí vai mesmo depender de você. Para improvisar e conhecer um estilo como o jazz, depois de ter um certo domínio técnico do instrumento, não é necessariamente preciso fazer aulas com um saxofonista, esse conhecimento é musical e não técnico. Quem sabe procure um bom pianista.

Essa semana fiquei surpreso ao receber um e-mail do meu professor do Brasil (Wilson Annies) com a publicação de um artigo no site da “EMBAP” sobre meu concerto aqui na Alemanha. Se puder passe por lá.

Além disso já coloquei na página do myspace (é só clicar no meu nome ali em baixo) o concerto escrito por Nikolai Brücher e tocado na minha prova final. A gravação é ao vivo. Ficaria feliz com a sua visita.

Me ajude com a divulgação do blog, só assim faz sentido continuar a escrever, e se tiver sugestões, perguntas por favor, escreva em forma de comentário.

Abraços, saudações e bom domingo
Marcio Schuster

terça-feira, 30 de março de 2010

Flexível como o dinheiro permite

Montanha disse...
"E aí Márcio, tudo bem? Entrei por acaso em teu blog quando estava "buscando" preço de um sax selmer, e gostei bastante de seus "textos". Tenho um sax alto yamaha yas 100 que comprei já usado e gostaria de comprar um yamaha ou selmer novo, já que agora tenho condições e principalmente tempo para tocar. Apesar de ser paranaense (interior), estou morando temporariamente em Manaus (a trabalho). Ficarei grato se você me der informações a respeito da compra de um selmer. Você tem alguma dica para eu comprar aí na Europa, ou mesmo no Brasil por um "preço melhor"?"

Comprar um "novo" saxofone é um passo importante, principalmente para quem tem duas coisas significativamente significativas: "tempo e condições”, raras nos dias de hoje. Esse foi um comentário escrito por um simpático leitor em um texto anterior, vou tentar responder e ajudar como puder.

Como escrevi ontem estive fazendo algumas pequenas viagens nos dias em que meu professor Wilson Annies esteve aqui em ocasião do meu concerto de formatura. Um dos lugares que já havíamos combinado de ir, antes mesmo de ele chegar aqui, foi Bamberg uma pequena cidade há 230 km de Munique. Na verdade não fomos até lá somente para fazer turismo, muito próximo da cidade está uma das maiores lojas de instrumentos musicais da Europa, bem no meio do nada. Uma coisa muito normal por aqui é comprar pela internet, não que no Brasil também não seja, mas aqui é algo realmente do dia-a-dia. Não sei se compramos mais porque é mais seguro ou é mais seguro porque compramos mais. O fato é que quase tudo que preciso que não seja roupa e comida (também possível) compro pela internet. Até hoje tive pouco incomodo com isso. Thomann, segundo o meu professor aqui da Alemanha, é maior que a própria Selmer. Eu ainda não fui na Selmer, mas sei dizer que a variedade de escolha que encontrei nessa loja é realmente enorme e não somente para saxofone, mas para tudo que envolva música. Vale a pena entrar no site e conferir, um dos idiomas disponíveis é o português.

Conversei com o gerente do setor de sopros e ele falou que importa para a América Latina, mas como já escrevi em um texto anterior, tem todo aquele problema de impostos quando o instrumento chega no Brasil e é isso na verdade que torna o instrumento realmente caro. Fiquei sabendo que já existe no Brasil alguma coisa acontecendo politicamente no sentido de reduzir ou eliminar os impostos para a importação de instrumentos. Vamos ver o que acontece.

Com relação à escolha da marca penso que existe um consenso que Selmer é um dos instrumentos que fica no topo da lista dos mais desejados. O único problema é que um Selmer deveria ser testado antes da compra e isso não pode ser feito no Brasil, já que as lojas não têm estoque. A compra acaba ficando um pouco arriscada. Um Yamaha, modelos profissionais, já são mais “padronizados” no sentido de que os instrumentos não vão apresentar tanta diferença entre si, ou quem sabe nenhuma. Penso que a diferença entre esses dois casos é muito pessoal e depende muito do que cada um espera. Posso somente falar de acordo com a minha experiência, já que toquei muitos anos Yamaha modelo 62, tanto alto como tenor. Particularmente gosto muito desse saxofone, é um instrumento simples, no sentido de ser muito prático como por exemplo para fazer pequenas regulagens, com um som um pouco mais “claro” e com um custo bem abaixo do Selmer. Fiquei com o meu Selmer serie II porque ele me proporciona um som mais “escuro” que é o que procuro, mas hoje poderia repensar isso tudo.

Além dessas opções, mais conhecidas no Brasil, recomendo ainda o Yanagisawa modelo A-9930 e também o Keilwerth Sx 90R. Sei que vai ser ainda mais difícil alguém se interessar por essas outras duas marcas uma vez que são mesmo praticamente desconhecidas no Brasil. Mas como já falei, espero com esse espaço também conseguir esse tipo de resultados e quem sabe possa um dia levar algo assim comigo em uma de minhas idas para o Brasil.

Ajudem a divulgar meu blog, quem sabe essa seja uma maneira de centralizar a busca de informações de maneira neutra, que na verdade é a minha maior intenção. No fim todos saem ganhando.

Um grande abraço e até a próxima

Marcio Schuster

segunda-feira, 29 de março de 2010

A vida continua

Depois de tão longo tempo sem escrever acabei perdendo a prática e quem sabe alguns leitores. Dia 10 de março, o meu concerto final, foi melhor do que o esperado e sim fui aprovado em mais essa etapa da minha vida. O que esse titulo me garante? Na prática nada, mas espero que com o conhecimento adquirido eu possa fazer o meu trabalho de maneira mais competente.

Para um saxofonista as chances se reduzem bem como aumentam, depende do ponto de vista. O fato de o saxofone não ser um instrumento de orquestra, muito embora existam obras que o incluam, nos resta procurar as próprias oportunidades ou entrar no mundo da docência, que na verdade acaba sendo a melhor maneira de garantir o sustento. Por outro lado o fato de o saxofone ser considerado um instrumento do jazz, possibilita trabalhar nesses diferentes universos, mas sendo bem franco não acredito que o público de jazz seja maior que o da música erudita. Então infelizmente o saxofone acaba muitas vezes sendo um instrumento bastardo simplesmente por ser tão versátil. Como dizem, as vezes menos é mais.

As oportunidades de trabalho com saxofone na Europa são tão boas como as do Brasil. Sei que isso pode chocar muita gente, principalmente àqueles que tem ainda a ilusão de que aqui tudo é melhor, mas trabalhar com música não é fácil em lugar nenhum e não é diferente por aqui. Claro que como as condições sociais de maneira geral são melhores (para quem trabalha legalmente), acaba que no todo a situação fica um pouco mais cômoda. Comprar instrumentos, partituras e toda essa parte de consumo é mais fácil. Para quem deseja vir para cá e tocar em bares até o fim da vida, como realização profissional, isso até pode ser interessante, mas não se iluda com relação a caches, dono de bar é igual em qualquer lugar do mundo.

Por isso, concretamente falando, as possibilidades se resumem em realizar o seu próprio projeto, como quarteto de saxofone, banda, orquestra de câmara e afins, dar aulas em escolas ou em universidade (e encarar a concorrência européia) ser solista (e viver disso?) ou casar com uma mulher rica. Eu sei, você deve estar dizendo, mas isso tudo eu já sei, pois bem, eu só queria deixar claro que aqui somos também músicos como no Brasil. A diferença é que a concorrência não é brasileira. E escrevo isso sem nenhum desprestígio com relação ao talento brasileiro. Mas quem começou estudando por aqui, com os melhores professores, melhores instrumentos e condições das mais privilegiadas, acaba tendo algumas vantagens com relação a nós.

Vale a pena estudar aqui? Sim e muito, em primeiro lugar pela experiência de vida, e se as outras coisas não funcionarem como o previsto já por essa valeu muito a pena.

Para o meu concerto, como já escrevi em um texto anterior, tive o privilégio de receber a visita do meu professor Wilson Annies que veio inclusive com seu filho. Foram dias muito especias. Queria deixar aqui o meu agradecimento e respeito ao meu professor e grande amigo. No próximo texto escrevo sobre um dos lugares que visitamos e aproveito pra responder uma pergunta de um novo leitor.

Espero que essa semana possa colocar a gravação do concerto inédito do compositor Nikolai Brücher realizado no meu concerto final. Falando nisso dia 29 faço, com a percussionista Kana Omori, (em breve estaremos no Brasil) a estréia de mais uma obra dedicada a nosso trabalho, escrita pela compositora Jelena Dabic.

Grande Abraço e uma ótima semana

Marcio Schuster

domingo, 7 de março de 2010

palheta+leite= palheite

Queridos leitores. Acho que o saxofone é o instrumento com mais mitos e histórias folclóricas que existe na face da terra! Quem toca ou quem já tocou sabe do que eu estou falando. Eu já li tanta besteira por aí que as vezes penso que devem ser sinais do apocalipse! O pior de tudo é usar da ignorância das pessoas (no melhor sentido da palavra) como arma para ensinar mentiras. Mas o que fazer, o espaço está aberto, se os que sabem não o fazem, alguém o tem que fazer. Mas como já disse seria de mal gosto tentar dar aulas por aqui, mas se alguem quiser perguntar, tiver alguma dúvida, claro que me disponho a ajudar, se eu puder responder. Tenho um novo leitor, o nome dele é Jessé Rafael. Ele me perguntou se é possível aprender saxofone sem professor. Em primeiro lugar quero agradecer a confiança do Jessé em fazer essa pergunta pra mim, e responder a luz dos meus conhecimentos. A resposta é tão simples como a pergunta, a não ser que você seja um gênio, não! E por quê? Bom, eu não sei o que diria a revista universal, mas o acompanhamento de um profissional no caso da música é a garantia de não desistir em duas semanas.

Acho que existe muita gente por aí tentando provar o contrário, gostaria muito de ver os frutos dessa geração...ou talvez não. Existem exceções? Sim, mas eu por exemplo não seria uma delas. Não falo isso somente para àqueles que desejam ser "solistas famosos", mas ter um professor é valorizar o profissional da música e portanto promover e incentivar a sua carreira, aprender a ter disciplina no estudo do instrumento, não aprender com vícios além muitos outro que você pode pensar . Fazendo isso você vai garantir que o teu "futuro" como músico vá um pouco além de tocar somente "Summer Time" a vida inteira para impressionar a namorada. Em algum momento, quando a técnica já está de alguma maneira entendida é possível desenvolver-se sozinho, mas aprender desde o começo sem ter uma orientação é permitido somemente para àqueles que moram sozinhos em alguma uma ilha no meio do oceano.
Mas como comecei falando sobre folclore vou citar alguns deles, como por exemplo ferver a palheta no leite, colocar talco nas sapatilhas, ou mesmo água, dar banho de ácido no saxofone para abrir o som, e tantos outros mais que ouvi nessa vida, alguém conhece outros? Dizem inclusive que saxofonistas beijam bem...veja só.

Na verdade essa coisa toda vem do fato de que não está clara a definição do saxofone como um instrumento clássico, como foi a ideia original do inventor (acredite se quiser) ou popular. Então cada um se sente no direito de inventar qualquer mentira e vender como verdade, ainda bem que estamos em um país livre. No fim ninguém sabe em quem acreditar. Mas tenho o meu prognóstico para o Brasil, ao menos nesse sentido. Em 20 anos a coisa vai mudar. Se olhamos pra trás vemos que já mudou e pra melhor. Hoje temos cursos de saxofone em algumas universidades e escolas superiores e inclusive com professores de altíssimo nível como é o caso da UFMG com o solista Dilson Florêncio, somente para dar um exemplo. Quem já fez algum curso com ele sabe do que estou falando.

É isso aí, vamos mudar o mundo! Quem me conhece sabe que minha tendência é para a música assim chamada "clássica", mas quando falamos em ensinar saxofone existe somente duas coisas: o certo e o errado. Eu não ensino um estilo de música, mas sim, como tocar de maneira que possibilite que o aluno seja capaz de tocar qualquer estilo, seja ele pagode ou clássico. O importante é fazer música e de maneira mais competente possível.
Nada muito concreto por hoje, mas espero que ajude a alguém a encontrar uma luz no fim do túnel. Na próxima vida, mesmo que não acredite nisso, vou tocar contra-fagote.

Infelizmente ainda nevou hoje por aqui e não foi pouco, não aguento mais...ao menos não esse ano.

Abraços, saudações e divulguem meu blog =)

Marcio SCHUSTER

terça-feira, 2 de março de 2010

Para os saxofonistas

Quando comecei esse blog ele se chamava "Saxofone na Alemanha". Depois de alguns dias esse título me pareceu um tanto limitado. Não quero escrever sobre o saxofone na Alemanha e muito menos somente para saxofonistas. O "Saxofonista na Alemanha" quer escrever algo mais do que "somente" sobre o saxofone, mas é claro com um enfoque especial na música e ou cultura.

Mas hoje queria escrever sim algo de interesse para os saxofonistas. Antes disso, preciso informar que o inverno, ao menos para mim, já é algo do passado. Tivemos alguns lindos dias de sol. Como uma de minhas diversões é pedalar, pude aproveitar e ir para "Starnberger see". A "cidade" Fica a 25 km da porta da minha casa. Engraçado é que nós brasileiros chamamos quase tudo de cidade, eles aqui chamam isso de vila, "dorf". Lá existe um lago extremamente grande. Na vila moram muitos milionários, ao menos essa é a informação que eu tenho. Fora isso o lugar é maravilhoso, um dia é pouco pra conhecer tudo. Vou prometer novamente colocar fotos em breve. Na semana que vem estará aqui em Munique meu professor de saxofone do tempo da Belas Artes (um privilégio, ele vem especialmente para meu concerto final) e espero poder leva-lo até lá, mas dessa vez sem bicicleta, aí poderei colocar algumas fotos por aqui.

Mas o assunto de hoje é palheta: Difícil falar sobre isso em um só texto, mas de qualquer maneira não faço outra coisa a não ser dar a minha opinião à luz da minha pouca experiência (sem falsa modéstia). Todos sabem como é complicado o tema. Compro todo mês duas caixas. Uma para o soprano e uma para o alto. Uso no momento "Vandoren tradicional" número 3 para alto e 3.5 para soprano. Em uma caixa encontro 2 ou 3 que podem realmente ser usadas em concertos, mas mesmo assim, estudo com todas elas. Escrevo um número em cada palheta e uso uma a cada vez que estudo, ou as vezes no mesmo dia várias. O que acontece ao fazer isso? Eu vou, em primeiro lugar, "conhecer" todas elas, saber quais são as boas e quais não, e em segundo, por consequência desse "revezamento" vou aumentar a vida útil delas, uma vez que não exijo de uma só palheta os resultados que espero. E não existe milagre. As palhetas são feitas de bambu, ou seja, uma fibra natural o que portanto impossíbilita o controle da qualidade da vibração em 100%, mesmo que o corte seja exatamente igual,as palhetas jamais poderiam apresentar os mesmos resultados. Por isso em uma caixa encontramos tanta diversidade.

No ano passado esteve um representante da "Selmer" aqui na universidade. Ele trouxe consigo além de saxofones as palhetas "Rico Reserve" e fez uma bela propaganda. Ganhei tantas palhetas que não precisei comprar por um bom tempo. Toda a explicação e suposta melhoria no corte pode ser lida em qualquer embalagem da marca. Não sei se a propaganda foi boa, ou se realmente a palheta é melhor, mas o fato é que comecei a usar, e me agradou muito o resultado. Na primeira vez que estive no Brasil levei algumas e fiz propaganda também. De alguma maneira elas são mais homogêneas, mas tão homogêneas quanto caras, praticamente o dobro do preço da "Vandoren". No fim das contas resolvi voltar para a "Vandoren", que "burramente" começou a colocar uma embalagem ridícula envolvendo cada palheta. Coisa que deixa a palheta mais cara e no fim das contas não tem nenhum resultado prático. Tudo isso na tentativa de conservar o bambu das diferentes condições climáticas. Mas uma vez a embalagem aberta...já não adianta mais nada.

Há alguns meses me foi apresentada uma outra marca a "Légère", uma palheta de material sintético. Sempre fui contra e critiquei muito esse tipo de palheta. Na verdade o saxofone já tem sem nenhum esfoço uma tendência a ter um som metálico e estridente, ainda mais para àqueles que insistem em usar boquilha de metal, e com palhetas como "Fibracel" ou "Bari" a coisa fica ainda mais grave. Mas como a insistência foi grande acabei experimentando. Posso dizer que me surpreendi com o resultado. Não é a mesma coisa, a sensação ao tocar é outra, mas é possível acostumar-se. O que posso dizer é que vale a pena experimentar e tirar então suas próprias conclusões.

Ainda não vou arriscar para o meus próximos concertos. Em breve espero poder ter mais tempo e falar com mais autoridade sobre o assunto.

Alguém poderia me dizer se existe essa marca no Brasil?

Obrigado pelos e-mails e comentários. Desculpem-me por não ter escrito por alguns dias, mas meu concerto já está aí.

Abraços e uma boa semana a todos,

Marcio SCHUSTER

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Onde você mora?


Munique 10 graus, dá quase pra suar. Quando saí de casa hoje fiquei procurando nas árvores folhas verdes que acabei não encontrando.

É preciso dizer que a vida de estudante na Alemanha, mesmo com neve e temperaturas que podem chegar a 20 graus negativos é, em alguns aspectos tranquila. "Estudante" é um "status" por aqui, ou seja, ele usufrui de uma série de vantagens. Poderia começar pelos impostos. Existem várias "classes" de impostos de acordo com a situação da pessoa. Na prática, quem ganha mais, paga mais. Os estudante estão na "classe 1", a mais baixa. Isso se ele quiser trabalhar paralelamente ao estudo. É muito normal ter um trabalho de algumas poucas horas semanais para cobrir os pequenos gastos. De qualquer maneira os que ganham até 400 Euros estão livre de qualquer tipo de imposto. Um estudante estrangeiro pode trabalhar até 20 horas por semana. E aí vale tudo, padarias, restaurantes, bares e tudo mais que possa aparecer. Mas não vou fugir do assunto. Além de pagar menos impostos, paga-se menos pelo transporte, PLANO DE SAÚDE, pela moradia em casas de estudantes, alimentação em restaurantes universitários, aqui chamados de "Mensa". Uma das coisas que penso ser um pouco injusta é entrada para concertos e ou cinema, o desconto é de somente alguns miseráveis Euros. Veja você, isso no Brasil é melhor! No Brasil usufruímos também de alguns benefícios semelhantes, mas o fato em si de ser um estudante, não faz a vida mais fácil. Trabalhar e estudar no Brasil é algo comum, todos sabem, e muitas vezes inclusive oito horas por dia.

Queria hoje contar um pouco como funcionam essas "casas de estudante". Não sei quanto a você, mas ao menos eu, quando ouvia esse nome no Brasil, pensava em um lugar sujo, com muita gente, um banheiro por andar e muito mais. Foi por isso que precisei escrever a palavra entre aspas. Ao lado do "Schloss Nymphenburg" (Castelo dos antigos Reis da Bavária) é a minha casa, ou ao menos até eu concluir meus estudos. Aqui somente moram músicos. Podemos estudar das oito da manha até as dez da noite, sem ninguém pensar em reclamar. Não é um sonho? Além disso no sub-solo existem salas de estudo, que podem ser usados por todos os moradores. Nesse últimos dias venho acordando mais cedo, meu vizinho, um trompista, tem alguma prova em breve e começa a estudar antes mesmo do horário permitido...

Os preços para esse tipo de moradia variam de 180 até 350 Euros, realmente muito barato para uma cidade como Munique que é uma das mais caras da Alemanha. Só pra se ter uma ideia qualquer outro apartamento, ou melhor dizendo, "Kitnet" custaria não menos que 500 Euros e isso tudo para morar em um cubículo de uns 20 ou 30 metros quadrados.

Uma outra opção para os interessados são as chamadas WGs, "wohngemeinschaft", como demorei pra aprender essa palavra. São nada mais nada menos que as chamadas repúblicas, no Brasil. Existem anúncios na Internet ou nas universidades. Os preços são diversos e a experiência de morar assim pode ser também muito interessante para conhecer pessoas e aprender melhor o idioma. Mas não pense que é fácil. É feita "uma entrevista" com os interessados e são escolhidas àqueles que melhor se "adaptam" às normas, tendências ou correntes filosóficas da casa. Brincadeiras à parte.

Dessa vez queria mesmo colocar mais fotos, mas não nenhuma outra além dessa tirada dentro do Jardim do Castelo. Prometo para a próxima semana mostrar um pouco mais.

Abraços fraternais e até amanha. Ah, esqueci de dizer que amanha tenho um concerto, quem estiver por aqui e quiser ir é só clicar no meu nome que a agenda está no myspace.

Marcio SCHUSTER

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O Dinheiro que não tenho!

As minhas segundas-feiras tem sido bem longas, e hoje não foi diferente! Mas mesmo assim queria ao menos escrever umas palavras para meus quatro fiéis leitores que em breve serão 400 =)

Queria hoje somente dar uma dica de algo que me ajudou em tempos difíceis. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal oferecem uma linha de financiamento chamada PROGER. Destinado a profissionais liberais de nível médio ou superior que buscam se inserir ou se manter no mercado de trabalho. A linha financia a compra de equipamentos, serviços e capital de giro associado, ou seja, exatamente o caso de muitos músicos brasileiros. Como funciona? Bem, em resumo é preciso ter uma conta em um dos bancos mencionados há mais de seis meses e não ter nenhum tipo de restrição como Serasa ou coisas do tipo. O valor financiado é de 80% do valor total do produto. A compra pode ser parcelada em até 36 meses. Na compra por exemplo de um instrumento musical, ele deverá ser novo sendo necessário apresentar a nota fiscal adquirida no Brasil. É necessário também preencher um formulário com os rendimentos/gastos mensais e as pretensões de rendimentos após a aquisição o bem.

E digo mais, já fiz e por isso recomendo. Se eu consegui, você também consegue. Andei lendo por aí que a Caixa Econômica, suspendeu o Proger por tempo indeterminado, mas quem sabe vale a pena passar por lá e perguntar. Até onde eu sei no Branco do Brasil está tudo como era!

Se eu ainda puder ajudar me coloco a disposição.

Boa sorte e não deixe de passar por uma agência bancária amanha.

Abraços. Por sorte hoje já estava mais quente por aqui, 4 Graus.

Marcio SCHUSTER

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Uéril (viva o produto nacional)

Uma amiga, que agora também é leitora, me disse que eu não “preciso” colocar sempre uma foto no blog. Que eu não preciso eu sei, mas fotografia para mim é uma grande paixão e por isso vou colocar sempre que puder algumas fotos por aqui. Penso que uma das coisas interessantes de uma experiência fora do país é justamente o fato de que acabamos adquirindo novos hábitos e também Hobbys. A fotografia por exemplo aprendi com um outro ex aluno que também está por aqui; Klaus Liebert, aliás um grande fotógrafo. Falando em hábitos, espero continuar gostando de tomar banho.

Ontem escrevi sobre qualidade dos instrumentos e inevitáveis comparações entre nacionais e importados. Hoje gostaria de levar esse assunto um pouco mais adiante. Participei duas vezes consecutivas do “Prêmio Weril para jovens solistas”. Foi uma experiência muito importante pra mim e sem dúvida, por várias razões, inesquecível. Logo ao receber a notícia de estar entre os dez selecionados de todo o país, estava como no céu,mas ao mesmo tempo pensado no que poderia tocar nos 5 minutos estipulados para acada candidato. Uma semana depois chegou uma das premiações, um saxofone Weril. Naquela época eu tocava um Yamaha 62, que na minha opinião é um instrumento muito bom. Logo no primeiro som, vi que algo estava mal. Cinco minutos depois caiu uma sapatilha. Levei o instrumento para um técnico, que inclusive fotografou o ocorrido. A peça foi colada invertida com o reverberador para o lado de dentro. Uma obra de arte. Para falar a verdade, nem gosto de falar do assunto, e não porque isso me traga más lembranças, mas sim porque não penso que contar esse tipo de detalhe ajude alguém com algo. Mas o relato acima, ao meu ver, me leva a muitas outras conclusões que vão além do simples fato. Por quê os saxofones da Weril são tão ruins? A Weril tem um parque industrial enorme (pra quem não conhece vale a pena), com um potencial incrível para fabricar instrumentos de altíssima qualidade. Mas por que não o faz? Eu arrisco uma resposta, ou até duas. Quem sabe nós sejamos os culpados. Se a fábrica ainda existe e continua fabricando mais e mais, isso quer dizer que alguém está comprando e quem sabe por isso ela não esteja interessa em investir em algo melhor uma vez que todos estão portanto satisfeitos. Os “Artitas Weril” continuam tocando felizes da vida, e com isso não questiono a qualidade musical de nenhum deles. Existiu uma vez um professor chamado Gagliardi.Graças a sua parceria com a Weril foi possível fabricar um trombone de nível internacional. Por quê então, seguindo esse exemplo, não se faz o mesmo com os demais instrumentos. O que dizer dos clarinetes e flautas?

Então juntemos os textos de ontem e hoje. Os instrumentos importados são muito caros, os nacionais são de qualidade inferior, mas mais baratos. O que fazer? Antes que você me interprete mal, quero dizer que não penso que tudo que é importado é melhor. Como já disse, o governo não ajuda na importação, mas se a qualidade não é a mesma, aliás longe de ser sequer próxima, é essa lei de importação algo realmente legítimo? Não se deveria fazer exceções?

Falando nisso, lembrei de outra coisa. Por onde anda a OMB? Ainda existe? Pelo menos até pouco tempo atrás não servia para absolutamente NADA além de cobrar uma taxa anual, que não trazia benefício algum. Quem sabe ela não poderia nos ajudar nesse sentido facilitando a simples compra de instrumentos. Isso é claro sem falar em muitos outro importantes benefícios que seriam de sua competência. A maioria dos músicos, ou assim chamados, não tem plano de saúde, aposentadoria e nada que assegure algum tipo de estabilidade. A OMB poderia pensar em oferecer bolsas de estudo, criar associações, promover concertos, exigir das escolas de músicas regulamentação de contratos, incentivar o ensino superior, promover intercâmbios, e tantas outras coisas. Tudo isso seria valorizar o músico, e não puni-lo por fazer “mal uso da profissão” ao tocar num bar para 5 bêbados sem a maldita carteira da ordem, ou mesmo com a carteira "vencida". Sinceramente eu não sei se dou risada ou vomito. Eu sei que acabei mudando de assunto, mas não pude resistir.

Bom, é isso. Já andei recebendo alguns e-mail. Obrigado pelo apoio. Quero continuar escrevendo, mas só se você continuar passando por aqui.

Um abraço saudoso

Marcio SCHUSTER

sábado, 20 de fevereiro de 2010

É preciso saber!


Ainda hoje andei olhando por aí e descobri alguns blogs que se dedicam ao ensino do saxofone: Não quero decepcionar ninguém, mas não pretendo escrever aqui sobre como se toca um “si” ou qualquer outra nota, ou como formar escalas, ou mesmo como é a "embocadura" do saxofone. E não faço isso por várias razões, que vão lógica ao bom senso. Mas explico: Em primeiro lugar creio que esses assunto teóricos são encontrados em qualquer livro de teoria musical, o que posso fazer é indicar um bom, como por exemplo o do professor Bohumil Med, clicando no nome você tem acesso ao livro gratuitamente, aliás lá você encontra muitas outras coisas interessantes e gratuitas. Em segundo lugar para as coisas práticas se necessita um PROFESSOR DE VERDADE e não um virtual. Ao menos para àqueles que desejam um pouco mais do que tocar algumas poucas notas a vida inteira. Nesse sentido me coloco a disposição para fazer uma lista de bons professores onde quer que você esteja. Mas não deixarei de criticar o que quer que seja, não porque eu queira ser melhor que ninguém, mas sim porque penso que calar seria a mesma coisa que consentir.

O que é possível é oferecer algumas dicas e que podem ser feitas com ou sem um professor, mas não esqueça, ou melhor não se iluda, aula pela Internet é comprimido de farinha!

O evento mais importante deste ano para os saxofonistas, ao meu ver, é o ”Quinto Concurso internacional Adolphe Sax” em Dinant na Bélgica,de 03 a 13 de Novembro de 2010. As inscrições encerram dia 16 de Abril 2010.O concurso não é brincadeira, dá pra até imaginar o nível de um concursos que leva o nome do inventor do instrumento. A lista de obras a serem executadas em três fases pode ser encontrada no site e para a inscrição não é há necessidade de enviar gravação. A taxa de inscrição é de 260 Euros. Ou seja, somente é preciso preencher a ficha de inscrição, fazer o depósito e esperar ser convidado. Todos os outro detalhes podem ser conferidos no site. Se eu não fizer o concurso, prometo passar por lá para contar como foi. Embora o nível seja mesmo muito elevado, quem sabe alguém tenha interesse, mas somente se você tiver menos de 31 anos. Os três primeiros colocados dividem o prémio de 25 mil Euros.

O Ministério de Educação e Cultura (MinC) oferece ajuda para passagens para esse tipo de projeto, mas não pense que é fácil, você pode imaginar quantos não sonham em fazer um algo semelhante e que seja apoiado pelo estado. Mas o link está aí.

Ontem falei algo sobre compra de instrumentos na Europa. Pois bem, pra quem não sabe, se você tiver a oportunidade de estar por aqui em algum momento, saiba que na compra de um instrumento você está isento do imposto, que todos que aqui residem pagam na compra de qualquer produto. Ou seja, se você pretende comprar um instrumento que custa 3400 Euros, você como brasileiro pagará “apenas” 2720 Euros, mas isso só é valido com a apresentação de um passaporte não pertencente a EU (União europeia) e um cartão de crédito. O dinheiro será depositado no seu cartão, um tempo após a compra. Você precisa para isso, ir até o “receita federal” do país que você está efetuando a compra e solicitar o reembolso. Ao menos foi essa a explicação que eu recebi. Você ainda pode conseguir um percentual de desconto do lojista. Qual é o problema disso tudo? Nenhum, o dinheiro vai chegar com certeza! Mas nem tudo é tão bonito assim. Chegando no Brasil, se a receita federal brasileira quiser dar uma olhadinha na sua mala, você terá que pagar um imposto de importação. Na verdade a lei tem um nome: “Lei de Proteção ao produto interno”, eu acho que o nome é esse. A lei tem uma intenção muito nobre, proteger o produto brasileiro, e evitar que importemos ainda mais e, como o próprio nome diz, proteger o nosso produto. Para todo e qualquer produto que exista no Brasil um similar a lei se aplica. Aí chegamos num ponto importante, mas que não vou levar às últimas consequências hoje. Deixo somente uma pergunta no ar: Existe alguma marca de instrumentos que ofereça uma qualidade semelhante em relação aos instrumentos fabricados por aqui? Acho que cada um já tem a sua resposta. Como esse é um assunto mesmo muito delicado, vou deixa-lo para uma próxima vez.

Ah, esse imposto é de 60% sobre valor da nota fiscal, ou seja, se você pagou 2780 Euros aqui na Alemanha, chegando ao Brasil ele vai custar 4412 Euros, aproximadamente 12 mil Reais, um tanto salgado. Sou horrível em matemática, mas espero ter feito o cálculo direitinho.

Pra você que quer comprar seu instrumento no Brasil tenho também minhas dicas. Fica também pra próxima. Se eu prometo muito e depois esqueço, por favor me cobre!

Mais uma vez agradeço muito a todos que visitam esse blog feito com muito carinho. Somente espero de você que o divulgue.

Abraço e bom fim de semana.

Marcio SCHUSTER

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Olha só (papéis na nossa vida)



Ontem estive conversando com um ex-aluno do meu tempo de Curitiba (Wilmar Sobrinho) e ele me perguntou: Como faço para conseguir algumas partituras para quarteto de saxofones? Então respondi que ele poderia ir até uma loja e comprar. Pois bem, todos sabem que isso não é tão fácil assim. Morei dez anos em Curitiba e dos dez estudei seis. Primeiro a graduação e depois uma pós-graduação, digo isso tudo, não para mostrar como adoro estudar, mas somente para dizer que nesses anos todos e mesmo nos anteriores NUNCA pude ou tive sequer a oportunidade de comprar uma partitura. Primeiro porque não tinha ideia de onde eu poderia encontrar, segundo porque se encontrasse não poderia pagar (músico, estudante...) e terceiro, nem precisa! Pois bem, a pergunta ainda fica, onde comprar? Na época eu copiava, e copiei muito mesmo, como “O Homem que Copiava” (alguém viu o filme?) e nesse sentido, assim como ele, sou um criminoso como todos os outros músicos que conheço e inclusive algumas orquestras, mas isso é outro assunto. As minhas cópias eram tão ruins que ficava difícil as vezes diferenciar uma nota da outra. Acho que o único crime era mesmo contra os meus olhos. Na última vez que estive no Brasil, em Novembro do ano passado, dei um master class para os alunos de saxofone da Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Escola (é chamada escola, muito embora seja superior) onde também estudei com o grande professor e amigo Wilson Annies. Eles me informaram que conheceram um professor que exigia partitura original para as aulas. Atitude que na verdade respeito muito, extremamente louvável, mas aí eu me pergunto, será que ele sempre fazia isso no seu tempo de estudante miserável ou miserável estudante? Será que comprar “música no papel” já é mesmo uma realidade no Brasil. Eu respondo: Não! Mas não que eu me conforme com isso. Eu, assim como esse professor desconhecido, teremos que fazer algo para mudar essa realidade. Me lembro muito bem que naquela época a “biblioteca” na Belas Artes (nome para os íntimos) sequer merecia esse nome, e não falo isso gratuitamente, sei que os recursos que a escola tem até hoje são extremamente limitados porém administrados com muita competência, mas não existia qualquer chance de alguém encontrar alguma coisa para saxofone em uma daquelas poucas estantes. Então, só nos restava copiar a copia de uma cópia copiada. Hoje, estando por aqui me permito comprar alguma coisa, simplesmente porque somente preciso ligar meu computador e entrar num site, escolher o que eu quero e amanhã estará tudo aqui. Claro que não de graça, mas por um preço que está muito mais próximo da realidade de um músico. Na loja que eu compro, Zerluth, encontro TUDO que preciso, e já andei perguntando se eles entregam na América latina e a resposta foi positiva. Que bom que o Brasil ainda está na América latina. Quem sabe exista alguém interessado em organizar algo para fazer uma remessa de partituras maior e assim economizar no envio. Acho que para esse fim que também existem espaços como este.
É importante salientar que, ao menos até onde eu sei, não existe imposto de importação sobre esse tipo de material (livros, partituras e afins). O que já é um grande avanço. Lamentavelmente isso não acontece com os nossos instrumentos. Quem já andou querendo comprar um Selmer por aqui sabe do que eu estou falando. Aliás isso é um assunto que terei um enorme prazer de escrever futuramente. Mas voltando às partituras, você pode comprar tudo pelo site. Não esqueça de no final do pedido mencionar o meu nome... :) Quem sabe assim eles me ofereçam um desconto na minha próxima compra.

Bom Wilmar, então agora você sabe. Entra no site escolhe tudo que quiser e manda entregar na tua casa. O único problema é que não tem como ver se as partituras são aquilo que você realmente precisa. Mas aí é só me perguntar.

Não acabo por aqui. Alguém já ouviu falar da REX (The Roayal Library and Copenhagen University Library information Service)? Não? Nem eu até muito pouco tempo. Esse site foi uma dica de um grande amigo e violonista Fábio de Oliveira, que estuda na Sibelius na Finlândia A boa notícia é que não é preciso pagar pelas partituras, o que todos nós adoramos. Não custa entrar e dar uma olhada. Dessa vez não custa mesmo.

Importante! No site não estão somente partituras para saxofone e muito menos somente partituras, mas sim gravações, livros, artigos e tudo mais.

Ainda existe muitas outras dicas e possibilidade de adquirir partituras, quem sabe você saiba melhor que eu e se souber me fale. Deixo as outras que ainda vou descobrir para um próximo blog.

Mais uma coisa importante. Como adoro nossa amada língua portuguesa e procuro escrever o mais correto possível, muito embora faça uso de alguns erros, todos sabem que houve uma reforma (as críticas ficam para outro dia) mas alguém sabe se existe algum livro, dicionário, tratado ou qualquer coisa que seja GRATUITA e distribuída pelo governo para que o povo não escreva português ainda pior?

O que tem a ver isso com o saxofone? TUDO!

Abraços

Marcio SCHUSTER

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Veja bem

Minha idéia inicial para esse blog é naturalmente falar sobre o saxofone, mas também sobre as demais peculiaridades que envolvem este “mundo” que não são necessariamente notas e sons. Aproveitando o fato de eu estar estudando e morando na europa quero trocar informações, sejam elas específicas sobre o instrumento ou quem sabe sobre o estudo do saxofone no velho continente, com algumas dicas práticas para àqueles que gostariam de encarar a mesma aventura que iniciei há quase três anos. Espero que eu não escreva somente para o computador, isso quer dizer que se você tem perguntas, sugestões textos ou qualquer coisa que queira publicar entre em contato.

Estou há três anos vivendo na Alemanha e estudo na University for Music and Performing Arts(fica bonito em inglês, não?), que fica em Munique bem no sul da Alemanha (A cidade da Oktoberfest).

O estudo que faço é chamado “Meisterklasse”, que seria mais ou menos o que no Brasil chamamos de mestrado. A diferença, são muitas, (o erro de português é proposital), mas destaco uma essencial que é a falta, ou melhor dito, a não necessidade de entrega de monografia na conclusão (bom não?). O que na verdade torna o reconhecimento desse título no Brasil um tanto difícil, muito embora, não impossível. Mas quem quer estudar por aqui, e digo não somente na Alemanha, mas em quase todos os países da Europa, tem que saber que é assim. E por quê? Bom, eu acho que já entendi. Na verdade dentro do “sistema europeu” são formados músicos e não teóricos. Todos sabem como é a carga horária (matérias teóricas) de um mestrado no Brasil ou mesmo nos Estados Unidos, ou seja, o pouco tempo que resta, acaba sendo o tempo que será dedicado à prática do instrumento, o que ao meu ver é o contrário de como deveria ser. Conheço, e você deve conhecer também, vários músicos que tiveram esse “destino” e hoje já não tocam mais, ou pelo menos já tocaram muito melhor, muito embora sejam grandes teóricos...Então é uma questão de escolha. Se alguém tiver uma outra opinião por favor escreva um blog também.

O lamentável disso tudo é que se um dia eu pensar em voltar pro Brasil teria que correr atrás de reconhecer o meu estudo, se caso eu quisesse ganhar dinheiro dando aulas em uma universidade. Existem três universidades no Brasil, até onde eu sei, que fazem esse tipo de reconhecimento. Como não estou certo de quais são, me comprometo a escrever em uma próxima vez. Para ser um professor em uma universidade no Brasil interessa, em primeiro plano, a comprovação de títulos. A execução do instrumento é uma das partes da pontuação, porém a quantia de papéis que apresenta (especializações,mestrados, doutorados e demais) tem peso fundamental na escolha do futuro cadidato à vaga de professor. me corrijam se eu estiver equivocado. Isso na verdade deve funcionar muito bem para Físicos, advogados, engenheiros, médicos e demais, mas para músicos...tenho minhas dúvidas. Minha intenção aqui não é questionar o sistema educacional brasileiro, porque entendo que a intenção é boa (mais títulos = mas conhecimento) mas para para a música, mais conhecimento (teórico) não é NECESSARIAMENTE mais desenvoltura para o ensino e mesmo execução do instrumento.

Mas enfim, é assunto que não acaba mais. Para estudar aqui é necessário passar na prova prática (somente prática). O repertório pode ser escolhido pelo candidato, mas o melhor é conversar com o futuro professor e definir isso ele. Importante é saber que nem sempre o professor vai estar na banca examinadora. É preciso também algum conhecimento da língua falada no país, mas que para esse nível (“mestrado”), não é tão importante que seja fluente. O meu professor, por exemplo, é francês e não fala alemão muito melhor que eu, ou seja, a aula poderia eventualmente ser em inglês ou francês, ou mesmo com gestos e ou sinais de fumaça. Porém para àqueles que pretendem fazem um curso superior por aqui, o problema é bem maior.
O curso tem duração de quatro semestres, muito embora eu o tenha feito e dois e meio, o meio ano a mais é por conta de um semestre de férias, uma possibilidade oferecida pela universidade, para estudar em outro país (ERASMUS); para quem ficou doente e não pôde fazer as provas ou mesmo para trabalhar por um tempo em algum projeto relacionado ao estudo.

Meu concerto final é no dia 10 de março. Para esse concerto tive a feliz oportunidade de ser presenteado pelo compositor e amigo Nikolai Brücher (apesar do sobrenome ele também é brasileiro), com um belo concerto para saxofone, orquestra de cordas e percussão. Um privilégio! O concerto será regido pelo próprio compositor e os músicos são todos da universidade. Logo espero poder colocar por aqui algumas fotos e gravação.
Se eu escrever mais sei que ninguém vai ler até o final. Por isso fico por aqui. Obrigado por Ajudar a divulgar esse espaço!

Marcio SCHUSTER