terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Onde você mora?


Munique 10 graus, dá quase pra suar. Quando saí de casa hoje fiquei procurando nas árvores folhas verdes que acabei não encontrando.

É preciso dizer que a vida de estudante na Alemanha, mesmo com neve e temperaturas que podem chegar a 20 graus negativos é, em alguns aspectos tranquila. "Estudante" é um "status" por aqui, ou seja, ele usufrui de uma série de vantagens. Poderia começar pelos impostos. Existem várias "classes" de impostos de acordo com a situação da pessoa. Na prática, quem ganha mais, paga mais. Os estudante estão na "classe 1", a mais baixa. Isso se ele quiser trabalhar paralelamente ao estudo. É muito normal ter um trabalho de algumas poucas horas semanais para cobrir os pequenos gastos. De qualquer maneira os que ganham até 400 Euros estão livre de qualquer tipo de imposto. Um estudante estrangeiro pode trabalhar até 20 horas por semana. E aí vale tudo, padarias, restaurantes, bares e tudo mais que possa aparecer. Mas não vou fugir do assunto. Além de pagar menos impostos, paga-se menos pelo transporte, PLANO DE SAÚDE, pela moradia em casas de estudantes, alimentação em restaurantes universitários, aqui chamados de "Mensa". Uma das coisas que penso ser um pouco injusta é entrada para concertos e ou cinema, o desconto é de somente alguns miseráveis Euros. Veja você, isso no Brasil é melhor! No Brasil usufruímos também de alguns benefícios semelhantes, mas o fato em si de ser um estudante, não faz a vida mais fácil. Trabalhar e estudar no Brasil é algo comum, todos sabem, e muitas vezes inclusive oito horas por dia.

Queria hoje contar um pouco como funcionam essas "casas de estudante". Não sei quanto a você, mas ao menos eu, quando ouvia esse nome no Brasil, pensava em um lugar sujo, com muita gente, um banheiro por andar e muito mais. Foi por isso que precisei escrever a palavra entre aspas. Ao lado do "Schloss Nymphenburg" (Castelo dos antigos Reis da Bavária) é a minha casa, ou ao menos até eu concluir meus estudos. Aqui somente moram músicos. Podemos estudar das oito da manha até as dez da noite, sem ninguém pensar em reclamar. Não é um sonho? Além disso no sub-solo existem salas de estudo, que podem ser usados por todos os moradores. Nesse últimos dias venho acordando mais cedo, meu vizinho, um trompista, tem alguma prova em breve e começa a estudar antes mesmo do horário permitido...

Os preços para esse tipo de moradia variam de 180 até 350 Euros, realmente muito barato para uma cidade como Munique que é uma das mais caras da Alemanha. Só pra se ter uma ideia qualquer outro apartamento, ou melhor dizendo, "Kitnet" custaria não menos que 500 Euros e isso tudo para morar em um cubículo de uns 20 ou 30 metros quadrados.

Uma outra opção para os interessados são as chamadas WGs, "wohngemeinschaft", como demorei pra aprender essa palavra. São nada mais nada menos que as chamadas repúblicas, no Brasil. Existem anúncios na Internet ou nas universidades. Os preços são diversos e a experiência de morar assim pode ser também muito interessante para conhecer pessoas e aprender melhor o idioma. Mas não pense que é fácil. É feita "uma entrevista" com os interessados e são escolhidas àqueles que melhor se "adaptam" às normas, tendências ou correntes filosóficas da casa. Brincadeiras à parte.

Dessa vez queria mesmo colocar mais fotos, mas não nenhuma outra além dessa tirada dentro do Jardim do Castelo. Prometo para a próxima semana mostrar um pouco mais.

Abraços fraternais e até amanha. Ah, esqueci de dizer que amanha tenho um concerto, quem estiver por aqui e quiser ir é só clicar no meu nome que a agenda está no myspace.

Marcio SCHUSTER

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O Dinheiro que não tenho!

As minhas segundas-feiras tem sido bem longas, e hoje não foi diferente! Mas mesmo assim queria ao menos escrever umas palavras para meus quatro fiéis leitores que em breve serão 400 =)

Queria hoje somente dar uma dica de algo que me ajudou em tempos difíceis. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal oferecem uma linha de financiamento chamada PROGER. Destinado a profissionais liberais de nível médio ou superior que buscam se inserir ou se manter no mercado de trabalho. A linha financia a compra de equipamentos, serviços e capital de giro associado, ou seja, exatamente o caso de muitos músicos brasileiros. Como funciona? Bem, em resumo é preciso ter uma conta em um dos bancos mencionados há mais de seis meses e não ter nenhum tipo de restrição como Serasa ou coisas do tipo. O valor financiado é de 80% do valor total do produto. A compra pode ser parcelada em até 36 meses. Na compra por exemplo de um instrumento musical, ele deverá ser novo sendo necessário apresentar a nota fiscal adquirida no Brasil. É necessário também preencher um formulário com os rendimentos/gastos mensais e as pretensões de rendimentos após a aquisição o bem.

E digo mais, já fiz e por isso recomendo. Se eu consegui, você também consegue. Andei lendo por aí que a Caixa Econômica, suspendeu o Proger por tempo indeterminado, mas quem sabe vale a pena passar por lá e perguntar. Até onde eu sei no Branco do Brasil está tudo como era!

Se eu ainda puder ajudar me coloco a disposição.

Boa sorte e não deixe de passar por uma agência bancária amanha.

Abraços. Por sorte hoje já estava mais quente por aqui, 4 Graus.

Marcio SCHUSTER

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Uéril (viva o produto nacional)

Uma amiga, que agora também é leitora, me disse que eu não “preciso” colocar sempre uma foto no blog. Que eu não preciso eu sei, mas fotografia para mim é uma grande paixão e por isso vou colocar sempre que puder algumas fotos por aqui. Penso que uma das coisas interessantes de uma experiência fora do país é justamente o fato de que acabamos adquirindo novos hábitos e também Hobbys. A fotografia por exemplo aprendi com um outro ex aluno que também está por aqui; Klaus Liebert, aliás um grande fotógrafo. Falando em hábitos, espero continuar gostando de tomar banho.

Ontem escrevi sobre qualidade dos instrumentos e inevitáveis comparações entre nacionais e importados. Hoje gostaria de levar esse assunto um pouco mais adiante. Participei duas vezes consecutivas do “Prêmio Weril para jovens solistas”. Foi uma experiência muito importante pra mim e sem dúvida, por várias razões, inesquecível. Logo ao receber a notícia de estar entre os dez selecionados de todo o país, estava como no céu,mas ao mesmo tempo pensado no que poderia tocar nos 5 minutos estipulados para acada candidato. Uma semana depois chegou uma das premiações, um saxofone Weril. Naquela época eu tocava um Yamaha 62, que na minha opinião é um instrumento muito bom. Logo no primeiro som, vi que algo estava mal. Cinco minutos depois caiu uma sapatilha. Levei o instrumento para um técnico, que inclusive fotografou o ocorrido. A peça foi colada invertida com o reverberador para o lado de dentro. Uma obra de arte. Para falar a verdade, nem gosto de falar do assunto, e não porque isso me traga más lembranças, mas sim porque não penso que contar esse tipo de detalhe ajude alguém com algo. Mas o relato acima, ao meu ver, me leva a muitas outras conclusões que vão além do simples fato. Por quê os saxofones da Weril são tão ruins? A Weril tem um parque industrial enorme (pra quem não conhece vale a pena), com um potencial incrível para fabricar instrumentos de altíssima qualidade. Mas por que não o faz? Eu arrisco uma resposta, ou até duas. Quem sabe nós sejamos os culpados. Se a fábrica ainda existe e continua fabricando mais e mais, isso quer dizer que alguém está comprando e quem sabe por isso ela não esteja interessa em investir em algo melhor uma vez que todos estão portanto satisfeitos. Os “Artitas Weril” continuam tocando felizes da vida, e com isso não questiono a qualidade musical de nenhum deles. Existiu uma vez um professor chamado Gagliardi.Graças a sua parceria com a Weril foi possível fabricar um trombone de nível internacional. Por quê então, seguindo esse exemplo, não se faz o mesmo com os demais instrumentos. O que dizer dos clarinetes e flautas?

Então juntemos os textos de ontem e hoje. Os instrumentos importados são muito caros, os nacionais são de qualidade inferior, mas mais baratos. O que fazer? Antes que você me interprete mal, quero dizer que não penso que tudo que é importado é melhor. Como já disse, o governo não ajuda na importação, mas se a qualidade não é a mesma, aliás longe de ser sequer próxima, é essa lei de importação algo realmente legítimo? Não se deveria fazer exceções?

Falando nisso, lembrei de outra coisa. Por onde anda a OMB? Ainda existe? Pelo menos até pouco tempo atrás não servia para absolutamente NADA além de cobrar uma taxa anual, que não trazia benefício algum. Quem sabe ela não poderia nos ajudar nesse sentido facilitando a simples compra de instrumentos. Isso é claro sem falar em muitos outro importantes benefícios que seriam de sua competência. A maioria dos músicos, ou assim chamados, não tem plano de saúde, aposentadoria e nada que assegure algum tipo de estabilidade. A OMB poderia pensar em oferecer bolsas de estudo, criar associações, promover concertos, exigir das escolas de músicas regulamentação de contratos, incentivar o ensino superior, promover intercâmbios, e tantas outras coisas. Tudo isso seria valorizar o músico, e não puni-lo por fazer “mal uso da profissão” ao tocar num bar para 5 bêbados sem a maldita carteira da ordem, ou mesmo com a carteira "vencida". Sinceramente eu não sei se dou risada ou vomito. Eu sei que acabei mudando de assunto, mas não pude resistir.

Bom, é isso. Já andei recebendo alguns e-mail. Obrigado pelo apoio. Quero continuar escrevendo, mas só se você continuar passando por aqui.

Um abraço saudoso

Marcio SCHUSTER

sábado, 20 de fevereiro de 2010

É preciso saber!


Ainda hoje andei olhando por aí e descobri alguns blogs que se dedicam ao ensino do saxofone: Não quero decepcionar ninguém, mas não pretendo escrever aqui sobre como se toca um “si” ou qualquer outra nota, ou como formar escalas, ou mesmo como é a "embocadura" do saxofone. E não faço isso por várias razões, que vão lógica ao bom senso. Mas explico: Em primeiro lugar creio que esses assunto teóricos são encontrados em qualquer livro de teoria musical, o que posso fazer é indicar um bom, como por exemplo o do professor Bohumil Med, clicando no nome você tem acesso ao livro gratuitamente, aliás lá você encontra muitas outras coisas interessantes e gratuitas. Em segundo lugar para as coisas práticas se necessita um PROFESSOR DE VERDADE e não um virtual. Ao menos para àqueles que desejam um pouco mais do que tocar algumas poucas notas a vida inteira. Nesse sentido me coloco a disposição para fazer uma lista de bons professores onde quer que você esteja. Mas não deixarei de criticar o que quer que seja, não porque eu queira ser melhor que ninguém, mas sim porque penso que calar seria a mesma coisa que consentir.

O que é possível é oferecer algumas dicas e que podem ser feitas com ou sem um professor, mas não esqueça, ou melhor não se iluda, aula pela Internet é comprimido de farinha!

O evento mais importante deste ano para os saxofonistas, ao meu ver, é o ”Quinto Concurso internacional Adolphe Sax” em Dinant na Bélgica,de 03 a 13 de Novembro de 2010. As inscrições encerram dia 16 de Abril 2010.O concurso não é brincadeira, dá pra até imaginar o nível de um concursos que leva o nome do inventor do instrumento. A lista de obras a serem executadas em três fases pode ser encontrada no site e para a inscrição não é há necessidade de enviar gravação. A taxa de inscrição é de 260 Euros. Ou seja, somente é preciso preencher a ficha de inscrição, fazer o depósito e esperar ser convidado. Todos os outro detalhes podem ser conferidos no site. Se eu não fizer o concurso, prometo passar por lá para contar como foi. Embora o nível seja mesmo muito elevado, quem sabe alguém tenha interesse, mas somente se você tiver menos de 31 anos. Os três primeiros colocados dividem o prémio de 25 mil Euros.

O Ministério de Educação e Cultura (MinC) oferece ajuda para passagens para esse tipo de projeto, mas não pense que é fácil, você pode imaginar quantos não sonham em fazer um algo semelhante e que seja apoiado pelo estado. Mas o link está aí.

Ontem falei algo sobre compra de instrumentos na Europa. Pois bem, pra quem não sabe, se você tiver a oportunidade de estar por aqui em algum momento, saiba que na compra de um instrumento você está isento do imposto, que todos que aqui residem pagam na compra de qualquer produto. Ou seja, se você pretende comprar um instrumento que custa 3400 Euros, você como brasileiro pagará “apenas” 2720 Euros, mas isso só é valido com a apresentação de um passaporte não pertencente a EU (União europeia) e um cartão de crédito. O dinheiro será depositado no seu cartão, um tempo após a compra. Você precisa para isso, ir até o “receita federal” do país que você está efetuando a compra e solicitar o reembolso. Ao menos foi essa a explicação que eu recebi. Você ainda pode conseguir um percentual de desconto do lojista. Qual é o problema disso tudo? Nenhum, o dinheiro vai chegar com certeza! Mas nem tudo é tão bonito assim. Chegando no Brasil, se a receita federal brasileira quiser dar uma olhadinha na sua mala, você terá que pagar um imposto de importação. Na verdade a lei tem um nome: “Lei de Proteção ao produto interno”, eu acho que o nome é esse. A lei tem uma intenção muito nobre, proteger o produto brasileiro, e evitar que importemos ainda mais e, como o próprio nome diz, proteger o nosso produto. Para todo e qualquer produto que exista no Brasil um similar a lei se aplica. Aí chegamos num ponto importante, mas que não vou levar às últimas consequências hoje. Deixo somente uma pergunta no ar: Existe alguma marca de instrumentos que ofereça uma qualidade semelhante em relação aos instrumentos fabricados por aqui? Acho que cada um já tem a sua resposta. Como esse é um assunto mesmo muito delicado, vou deixa-lo para uma próxima vez.

Ah, esse imposto é de 60% sobre valor da nota fiscal, ou seja, se você pagou 2780 Euros aqui na Alemanha, chegando ao Brasil ele vai custar 4412 Euros, aproximadamente 12 mil Reais, um tanto salgado. Sou horrível em matemática, mas espero ter feito o cálculo direitinho.

Pra você que quer comprar seu instrumento no Brasil tenho também minhas dicas. Fica também pra próxima. Se eu prometo muito e depois esqueço, por favor me cobre!

Mais uma vez agradeço muito a todos que visitam esse blog feito com muito carinho. Somente espero de você que o divulgue.

Abraço e bom fim de semana.

Marcio SCHUSTER

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Olha só (papéis na nossa vida)



Ontem estive conversando com um ex-aluno do meu tempo de Curitiba (Wilmar Sobrinho) e ele me perguntou: Como faço para conseguir algumas partituras para quarteto de saxofones? Então respondi que ele poderia ir até uma loja e comprar. Pois bem, todos sabem que isso não é tão fácil assim. Morei dez anos em Curitiba e dos dez estudei seis. Primeiro a graduação e depois uma pós-graduação, digo isso tudo, não para mostrar como adoro estudar, mas somente para dizer que nesses anos todos e mesmo nos anteriores NUNCA pude ou tive sequer a oportunidade de comprar uma partitura. Primeiro porque não tinha ideia de onde eu poderia encontrar, segundo porque se encontrasse não poderia pagar (músico, estudante...) e terceiro, nem precisa! Pois bem, a pergunta ainda fica, onde comprar? Na época eu copiava, e copiei muito mesmo, como “O Homem que Copiava” (alguém viu o filme?) e nesse sentido, assim como ele, sou um criminoso como todos os outros músicos que conheço e inclusive algumas orquestras, mas isso é outro assunto. As minhas cópias eram tão ruins que ficava difícil as vezes diferenciar uma nota da outra. Acho que o único crime era mesmo contra os meus olhos. Na última vez que estive no Brasil, em Novembro do ano passado, dei um master class para os alunos de saxofone da Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Escola (é chamada escola, muito embora seja superior) onde também estudei com o grande professor e amigo Wilson Annies. Eles me informaram que conheceram um professor que exigia partitura original para as aulas. Atitude que na verdade respeito muito, extremamente louvável, mas aí eu me pergunto, será que ele sempre fazia isso no seu tempo de estudante miserável ou miserável estudante? Será que comprar “música no papel” já é mesmo uma realidade no Brasil. Eu respondo: Não! Mas não que eu me conforme com isso. Eu, assim como esse professor desconhecido, teremos que fazer algo para mudar essa realidade. Me lembro muito bem que naquela época a “biblioteca” na Belas Artes (nome para os íntimos) sequer merecia esse nome, e não falo isso gratuitamente, sei que os recursos que a escola tem até hoje são extremamente limitados porém administrados com muita competência, mas não existia qualquer chance de alguém encontrar alguma coisa para saxofone em uma daquelas poucas estantes. Então, só nos restava copiar a copia de uma cópia copiada. Hoje, estando por aqui me permito comprar alguma coisa, simplesmente porque somente preciso ligar meu computador e entrar num site, escolher o que eu quero e amanhã estará tudo aqui. Claro que não de graça, mas por um preço que está muito mais próximo da realidade de um músico. Na loja que eu compro, Zerluth, encontro TUDO que preciso, e já andei perguntando se eles entregam na América latina e a resposta foi positiva. Que bom que o Brasil ainda está na América latina. Quem sabe exista alguém interessado em organizar algo para fazer uma remessa de partituras maior e assim economizar no envio. Acho que para esse fim que também existem espaços como este.
É importante salientar que, ao menos até onde eu sei, não existe imposto de importação sobre esse tipo de material (livros, partituras e afins). O que já é um grande avanço. Lamentavelmente isso não acontece com os nossos instrumentos. Quem já andou querendo comprar um Selmer por aqui sabe do que eu estou falando. Aliás isso é um assunto que terei um enorme prazer de escrever futuramente. Mas voltando às partituras, você pode comprar tudo pelo site. Não esqueça de no final do pedido mencionar o meu nome... :) Quem sabe assim eles me ofereçam um desconto na minha próxima compra.

Bom Wilmar, então agora você sabe. Entra no site escolhe tudo que quiser e manda entregar na tua casa. O único problema é que não tem como ver se as partituras são aquilo que você realmente precisa. Mas aí é só me perguntar.

Não acabo por aqui. Alguém já ouviu falar da REX (The Roayal Library and Copenhagen University Library information Service)? Não? Nem eu até muito pouco tempo. Esse site foi uma dica de um grande amigo e violonista Fábio de Oliveira, que estuda na Sibelius na Finlândia A boa notícia é que não é preciso pagar pelas partituras, o que todos nós adoramos. Não custa entrar e dar uma olhada. Dessa vez não custa mesmo.

Importante! No site não estão somente partituras para saxofone e muito menos somente partituras, mas sim gravações, livros, artigos e tudo mais.

Ainda existe muitas outras dicas e possibilidade de adquirir partituras, quem sabe você saiba melhor que eu e se souber me fale. Deixo as outras que ainda vou descobrir para um próximo blog.

Mais uma coisa importante. Como adoro nossa amada língua portuguesa e procuro escrever o mais correto possível, muito embora faça uso de alguns erros, todos sabem que houve uma reforma (as críticas ficam para outro dia) mas alguém sabe se existe algum livro, dicionário, tratado ou qualquer coisa que seja GRATUITA e distribuída pelo governo para que o povo não escreva português ainda pior?

O que tem a ver isso com o saxofone? TUDO!

Abraços

Marcio SCHUSTER

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Veja bem

Minha idéia inicial para esse blog é naturalmente falar sobre o saxofone, mas também sobre as demais peculiaridades que envolvem este “mundo” que não são necessariamente notas e sons. Aproveitando o fato de eu estar estudando e morando na europa quero trocar informações, sejam elas específicas sobre o instrumento ou quem sabe sobre o estudo do saxofone no velho continente, com algumas dicas práticas para àqueles que gostariam de encarar a mesma aventura que iniciei há quase três anos. Espero que eu não escreva somente para o computador, isso quer dizer que se você tem perguntas, sugestões textos ou qualquer coisa que queira publicar entre em contato.

Estou há três anos vivendo na Alemanha e estudo na University for Music and Performing Arts(fica bonito em inglês, não?), que fica em Munique bem no sul da Alemanha (A cidade da Oktoberfest).

O estudo que faço é chamado “Meisterklasse”, que seria mais ou menos o que no Brasil chamamos de mestrado. A diferença, são muitas, (o erro de português é proposital), mas destaco uma essencial que é a falta, ou melhor dito, a não necessidade de entrega de monografia na conclusão (bom não?). O que na verdade torna o reconhecimento desse título no Brasil um tanto difícil, muito embora, não impossível. Mas quem quer estudar por aqui, e digo não somente na Alemanha, mas em quase todos os países da Europa, tem que saber que é assim. E por quê? Bom, eu acho que já entendi. Na verdade dentro do “sistema europeu” são formados músicos e não teóricos. Todos sabem como é a carga horária (matérias teóricas) de um mestrado no Brasil ou mesmo nos Estados Unidos, ou seja, o pouco tempo que resta, acaba sendo o tempo que será dedicado à prática do instrumento, o que ao meu ver é o contrário de como deveria ser. Conheço, e você deve conhecer também, vários músicos que tiveram esse “destino” e hoje já não tocam mais, ou pelo menos já tocaram muito melhor, muito embora sejam grandes teóricos...Então é uma questão de escolha. Se alguém tiver uma outra opinião por favor escreva um blog também.

O lamentável disso tudo é que se um dia eu pensar em voltar pro Brasil teria que correr atrás de reconhecer o meu estudo, se caso eu quisesse ganhar dinheiro dando aulas em uma universidade. Existem três universidades no Brasil, até onde eu sei, que fazem esse tipo de reconhecimento. Como não estou certo de quais são, me comprometo a escrever em uma próxima vez. Para ser um professor em uma universidade no Brasil interessa, em primeiro plano, a comprovação de títulos. A execução do instrumento é uma das partes da pontuação, porém a quantia de papéis que apresenta (especializações,mestrados, doutorados e demais) tem peso fundamental na escolha do futuro cadidato à vaga de professor. me corrijam se eu estiver equivocado. Isso na verdade deve funcionar muito bem para Físicos, advogados, engenheiros, médicos e demais, mas para músicos...tenho minhas dúvidas. Minha intenção aqui não é questionar o sistema educacional brasileiro, porque entendo que a intenção é boa (mais títulos = mas conhecimento) mas para para a música, mais conhecimento (teórico) não é NECESSARIAMENTE mais desenvoltura para o ensino e mesmo execução do instrumento.

Mas enfim, é assunto que não acaba mais. Para estudar aqui é necessário passar na prova prática (somente prática). O repertório pode ser escolhido pelo candidato, mas o melhor é conversar com o futuro professor e definir isso ele. Importante é saber que nem sempre o professor vai estar na banca examinadora. É preciso também algum conhecimento da língua falada no país, mas que para esse nível (“mestrado”), não é tão importante que seja fluente. O meu professor, por exemplo, é francês e não fala alemão muito melhor que eu, ou seja, a aula poderia eventualmente ser em inglês ou francês, ou mesmo com gestos e ou sinais de fumaça. Porém para àqueles que pretendem fazem um curso superior por aqui, o problema é bem maior.
O curso tem duração de quatro semestres, muito embora eu o tenha feito e dois e meio, o meio ano a mais é por conta de um semestre de férias, uma possibilidade oferecida pela universidade, para estudar em outro país (ERASMUS); para quem ficou doente e não pôde fazer as provas ou mesmo para trabalhar por um tempo em algum projeto relacionado ao estudo.

Meu concerto final é no dia 10 de março. Para esse concerto tive a feliz oportunidade de ser presenteado pelo compositor e amigo Nikolai Brücher (apesar do sobrenome ele também é brasileiro), com um belo concerto para saxofone, orquestra de cordas e percussão. Um privilégio! O concerto será regido pelo próprio compositor e os músicos são todos da universidade. Logo espero poder colocar por aqui algumas fotos e gravação.
Se eu escrever mais sei que ninguém vai ler até o final. Por isso fico por aqui. Obrigado por Ajudar a divulgar esse espaço!

Marcio SCHUSTER